No momento em que você estuda Redes Neurais Artificiais e suas aplicações, sempre fica atento ao funcionamento do cérebro, suas conexões e também do comportamento humano. Portanto, sempre que aparece uma oportunidade leio artigos relacionados aos temas citados.
Hoje em dia se fala muito em resiliência, capacidade de recuperação. Eu gosto mais do termo "capacidade de adaptação". Isso está na nossa genética, o instinto pela sobrevivência, o grande marco da evolução humana. Aqueles com maior capacidade de adaptação estão mais aptos à sobrevivência.
Um exemplo prático: se alguém é ameaçado, o hipotálamo - uma torre de transmissão cerebral que conecta os sistemas nervoso e endócrino - dispara um sinal de estresse na forma de hormônio liberador de corticotropina, e provoca uma tempestade química que incita a pessoa a reagir ou fugir, ou seja, o que é melhor para a sobrevivência. As mãos e os pés são irrigados de sangue, nossas defesas. Isso explica porque um jovem com uma arma na sua mão é um perigo, pois ele tende a reagir porque não tem maturidade suficiente para analisar as opções ou alternativas para sua sobrevivência. Infelizmente, um convite para uma tragédia.
A psicanalista, professora e coordenadora do Departamento de Psicodinâmica do Instituto Sedes Sapientiae, Erane Paladino, autora do livro O adolescente e o Conflito de gerações na sociedade contemporânea, editora Casa do Psicólogo, em uma excelente coluna para @sciamdobrasil sobre o título de Raízes da Realidade diz que "Experiências na infância constroem estruturas psíquicas para conduta vital positiva". Concordo!
Porém, ao afirmar que "em seus primeiros meses de vida, o bebê apresenta como vivência emocional um medo de morrer muitas vezes aterrorizador". Discordo! Um bebê tem noção da morte? Acredito que não. Ele tem necessidade de se adaptar ao mundo exterior. Quanto menos traumático for essa adaptação, melhor será capacidade de recuperação ou resiliência da criança no futuro.
